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quinta-feira, 15 de maio de 2025

 

7. Novos gêneros musicais: a vinda da família imperial


Bom, retomemos nossa conversa.

Estamos no início do século XIX e o grande evento de nossa história é sem dúvida a vinda da família real, em destemida fuga das tropas napoleônicas.

O ano é 1808. Recorro a Jairo Severiano: "A vinda da corte provocou no Brasil um surto de civilização e desenvolvimento como a criação da Academia de Belas Artes, da Biblioteca Pública, do Banco do Brasil, do Jardim Botânico e, no âmbito da música, a introdução do piano, da valsa e de outras novidades europeias". 

O império do piano.

O piano foi inventado em 1711 por Bartolomeu Cristofori, sob a denominação "gravecembalo col piano e forte". Era a intenção de seu criador aperfeiçoar o cravo, facultando-lhe a produção de sonoridades fracas (piano) e intensas(forte).

Os primeiros pianos chegaram ao Brasil na bagagem da família imperial. A partir do final da década de 1820 começaram no Brasil a impressão musical e a venda de pianos. O piano tornou-se presença obrigatória nas salas das famílias de posses, símbolo de status social e bom gosto. Seu reinado durou até cerca de 1930, quando a expansão e popularização do rádio e a diminuição dos espaços domésticos, levaram à sua gradual substituição pelo violão, mais barato e menos "espaçoso".

Novas danças europeias.

Com a Família Real, uma série de danças europeias aporta em nossos trópicos: minueto, gavota, solo inglês, valsa e contradança (e seus derivados cotillon, quadrilha e lanceiro).

De todas estas danças, vingaram no Brasil a valsa e a quadrilha.

Sobre a valsa voltarei a falar mais adiante, dado seu lugar de destaque como gênero musical em nossa música popular e erudita.

Quanto à quadrilha, cabe aqui uma estória deliciosa em duas partes.

A quadrilha, de origem francesa, era a dança que abria os bailes da corte. Seu prestígio está ligado diretamente à monarquia. Com a quada da monarquia, a quadrilha sai de moda e troca os salões aristocráticos pelos terreiros juninos, acaipirando-se.

Mas vamos à primeira parte da estória. Por volta de 1850, um sapateiro português, José Nogueira de Azevedo Paredes, saudoso dos costumes de sua terrinha, propõe a alguns conterrâneos, em uma segunda-feira de carnaval, que saiam tocando bombos e tambores pelo centro do Rio de Janeiro. O desfile realizou-se com grande algazarra e vivas a um tal Zé Pereira, que poderia ser o próprio Zé Nogueira. O desfile tornou-se tradição, repetindo-se nos anos seguintes.

Anos depois (segunda parte), em 1869, a folia de Zé Nogueira inspirou o ator Francisco Correia Vasques a reproduzi-la num entreato cômico intitulado O Zé Pereira carnavalesco. Para tanto tomou "emprestada" uma cançoneta de Antonin Louis que constava da quadrilha "Les Pompiers de Nanterre" de L. C. Desormes. A quadrilha estava em cartaz no Teatro Lírico Francês. 


E viva o Zé Pereira,
Viva o Zé Pereira,
Viva o Zé Pereira
Que a ninguém faz mal,
E viva a bebedeira,
Viva a bebedeira,
Viva a bebedeira
Nos dias de carnaval 




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