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quarta-feira, 16 de julho de 2025

 Jobim: uma antecipação 

Antes de mais nada, devo desculpas por minha ausência nos últimos dias e pela interrupção da série de posts sobre a história da música popular brasileira. Prometo retomá-la em breve.


A justificativa para meu silêncio é que fui acometido de certa febre “jobiniana”. O contágio ocorreu ao rever antigos arranjos que havia elaborado ao longo dos últimos anos. Deu vontade de revisá-los, ampliá-los, adaptá-los à nossa atual formação instrumental e (já viu, não é?), acabei abraçado com oito arranjos que espero trabalhar com os amigos.


Em minha defesa, alego que trabalhar com a obra de Jobim, embora seja cronologicamente uma antecipação, não se caracteriza como uma mudança de assunto. Com efeito, Antonio Carlos Jobim figura com merecidíssimo destaque na história da música popular brasileira.


Preparei o texto abaixo para constar do folheto relativo à apresentação dos arranjos elaborados:



Lançado em 2006, o “Cancioneiro Jobim” é uma publicação em dois volumes que apresenta uma seleção das obras escolhidas de Antonio Carlos Jobim, incluindo arranjos para piano e uma biografia do compositor.


O projeto foi concebido pelo próprio Jobim e por seu filho Paulo Jobim. De acordo com a publicação, a trajetória criativa do compositor é segmentada em cinco fases.


A primeira fase (1947-1958) é principalmente formada por sambas-canções, em geral composições mais simples em comparação com obras posteriores.


A segunda fase (1959-1965) inicia-se com sua fecunda amizade com Vinícius de Moraes e é conhecida como a fase da bossa-nova, caracterizada por composições como Desafinado, Garota de Ipanema, Samba de uma nota só, Corcovado e outras, dentre as quais Derradeira Primavera.


No período seguinte (1966-1970), vivendo a maior parte em Nova Iorque e Los Angeles, Jobim inicia um afastamento da estética bossa-novista, assimilando influências do jazz e do blues. Pertence a esta fase Olha Maria.


De volta ao Brasil, Jobim experimenta fase de maior maturidade criativa (1971-1982). Suas composições adquirem certo sotaque villalobiano, com crescente interesse por temáticas ligadas à natureza e às questões ecológicas. São deste período Chora Coração e Falando de Amor.


A última fase (1983-1994) pode ser descrita como uma síntese da trajetória do compositor, na qual estéticas precedentes são revisitadas e recombinadas em novas experimentações. Gabriela, Passarim e O tempo e o Vento (Chanson pour Michelle) exemplificam este momento.


Texto-base: Almada, Carlos, A Harmonia de Jobim, Editora Unicamp, 2022.



Mas gostaria de comentar um pouco mais a respeito de cada peça que trabalhei e do porquê da escolha. É o que pretendo fazer nos próximos posts.


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