Derradeira Primavera
Chegamos então à decana de nosso repertório. Derradeira Primavera foi composta em 1962 e é fruto da parceria de Tom Jobim com Vinícius de Moraes. Excelente oportunidade para comentar um pouquinho sobre esse feliz encontro para a música popular brasileira.
Tom e Vinícius foram apresentados por um amigo comum, Lúcio Rangel, em 1956. Na ocasião, Vinícius estava envolvido com a montagem de sua peça teatral Orfeu da Conceição, que havia escrito em 1954. Coube a Tom Jobim a trilha sonora, que foi gravada em 1956, em "alta-fidelidade" pela Odeon.
A capa, linda e atual, é o que é: um porta-jóias. Merece um merchandising: o álbum encontra-se disponível no Spotify, com as seguintes faixas:- Ouverture (peça orquestral)*
- Monólogo de Orfeu (sobre a Valsa de Eurídice)
- Um nome de mulher
- Se todos fossem iguais a você
- Mulher, sempre mulher
- Eu e o meu amor
- Lamento no morro
*inevitável pensar em Villa-Lobos...
Bom, a partir deste início fulgurante, a parceria e a amizade Tom-Vinícius permaneceu fecunda, constituindo-se em uma das pedras fundamentais da Bossa Nova, com composições como Garota de Ipanema, Corcovado, Samba do Avião, Ela é Carioca, Insensatez, e Eu sei que vou te amar. Talvez sejam essas as composições que mais imediatamente vêm à memória quando falamos de Tom Jobim.
Mas, foco, cidadão, o assunto é Derradeira Primavera.
Após uma introdução, digamos, alegre e ensolarada de 8 compassos alicerçada em acordes de Dó Maior com sétima maior e Ré menor com sétima, o clima se transforma, e uma atmosfera de melancolia se instala. Estamos diante do término de um relacionamento, de um lamento profundo pela perda. Letra e música unidas para a expressão de sentimento profundo de tristeza. Pungente.
Com vocês, mais uma vez, Nana Caymmi. O arranjo, conduzido por Mário Adnet é muito próximo ao que iremos executar.
CQD

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